Falta menos de um mês para o lançamento, no dia 15 de julho, de “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2”. Com o fim da saga dos bruxos, uma verdadeira corrida pelo ouro se inicia entre os grandes estúdios de Hollywood, a qual ganha aquele que conseguir emplacar o próximo sucesso de massa entre o público infanto-juvenil. Fox e Paramount investem pesado, mas a Warner Bros., detentora dos direitos de “Harry Potter”, não quer perder o posto. A grande questão, no entanto, é: será possível substituir o bruxinho de Hogwarts?
A saga protagonizada por Daniel Radcliffe, que também revelou Emma Watson e Rupert Grint – os jovens mais bem pagos da capital do cinema atualmente -, é considerada a mais lucrativa da história, já com R$ 8 bilhões de faturamento apenas com bilheteria. Essa receita aumenta em cerca de R$ 4 bilhões somando as vendas de produtos licenciados que vão de chicletes a parque temático e miniaturas dos personagens.
Phil Contrino é editor do site da revista “Boxoffice”, publicação norte-americana que cobre os bastidores da indústria cinematográfica desde 1920, e para ele a busca incessante por um “substituto” já é um problema. “Hollywood é obcecada por imitar histórias de sucesso, todos os estúdios adorariam encontrar a própria versão do ‘Harry Potter’”, diz.
Em março deste ano, a Warner assinou contrato para iniciar a produção de um filme baseado em “The Lost Years of Merlin”, romance que conta a história de como Mago Merlin se tornou o feiticeiro primordial na trajetória do rei Artur. A ideia é basicamente a mesma do seriado “Smallville”, que narra a história de Superman, mas com magia. Apesar do brilho nos olhos dos produtores, Geoff Boucher, crítico do “Los Angeles Times” especializado em cultura jovem e geek, está um pouco descrente. “Já tem muitas referências a esses personagens, atualmente existem duas séries nos Estados Unidos e uma no Reino Unido que tratam do assunto”, diz.
Duas grandes apostas recentes, “Eu Sou o Número Quatro”, lançado este ano pela Touchstone, e “Percy Jackson e o Ladrão de Diamantes”, filme produzido pela Fox que chegou aos cinemas no início de 2010, falharam. Ambos não foram bem nas bilheterias e suas continuações são incertas. “O alcance destes filmes é muito estreito. Ambos apelam, principalmente, para garotos adolescentes”, diz Coltrino.
A animação dirigida por Steven Spielberg, “As aventuras de Tintin: o segredo do Licorne”, da Paramount, será lançada no fim deste ano e também tem apelo maior com os garotos, assim como os filmes de super-heróis baseados em quadrinhos, apostas da Warner para, em curto prazo, levar o público adolescente ao cinema. Além de “Lanterna Verde”, que tem lançamento previsto para agosto, o estúdio lançará no próximo ano um novo longa com o Superman e trabalha nos bastidores para viabilizar a produção de “A Liga da Justiça”.
Segundo Boucher, um lançamento que gera grande expectativa em Hollywood é a versão para os cinemas de “The Hunger Games”, da Lionsgate. A adaptação do romance homônimo escrito por Suzanne Collins tem estreia prevista para março de 2012, com Jennifer Lawrence e Liam Hemsworth nos papeis principais, mas o longa tem um problema similar aos outros. “É um filme pelo qual todos estão animados, mas o livro era lido predominantemente por garotas, e de uma faixa etária um pouco maior (que a de ‘Harry Potter’)”, explica Boucher.
Outro postulante é “The Hobbit”, adaptação de romance do celebrado J. R. R. Tolkien, autor de “O Senhor dos Anéis”. O filme será dividido em duas partes: a primeira será lançada em dezembro de 2012 e a segunda, um ano depois. O filme, distribuído pela Warner, deve apelar principalmente aos órfãos do escritor britânico e aos amantes de mitologia nórdica.
"Harry Potter e a Pedra Filosofal", o primeiro da franquia, foi lançado em 2001
Para se conquistar o público jovem, Phil Contrino vê um aspecto primordial, como deixa claro: “é preciso tratar o objeto em questão com seriedade. Os filmes do ‘Harry Potter’ são muito estritos em relação a proteger os detalhes do mundo imaginado por J.K. Rowling. Tem pouquíssimo que seja exagerado”.
A forma de lidar com a magia é outro desafio. “(Para conquistar o público jovem) é necessário fazê-los acreditar em mágica, acreditar que aquilo é real”, explica Boucher. “A maioria de nós tem uma fascinação por esse universo fantástico, mas isso precisa ser muito bem feito para dar certo”, explica Ricardo Calil, crítico de cinema da Folha de S. Paulo e também responsável pelo blog “Olha Só”.
Um consenso geral é o de que a série de filmes do bruxinho britânico foi especial. “’Harry Potter’ fala muito bem das dores... do sofrimento que é deixar de ser criança para se tornar adulto, e tudo isso acontece em meio a uma aventura fantástica”, discorre Calil.
“J. K. Rowling criou um universo completo, assim como Tolkien ("O Senhor dos Aneis"), George Lucas ("Guerra nas Estrelas")... Ela foi capaz de criar algo que se conectou muito bem com mitologias antigas e, ao mesmo tempo, trouxe muita coisa nova em termos de personagens e histórias”, teoriza Boucher antes de completar: “Acho que foi uma franquia que aparece apenas uma vez na vida”.
O crítico do “Los Angeles Times” ainda explica que a série é, além de tudo isso, uma máquina de fazer dinheiro também fora dos cinemas.”Uma franquia como ‘Crepúsculo’ é ótima, mas não gera tantos produtos derivados. Com ‘Harry Potter’, a Warner Bros. conseguiu de US$ 2 a 3 bilhões (RS 3,2 bilhões a R$ 4,8 bilhões) só com merchandising e licenciamento de produtos”.
O futuro dos filmes para adolescentes é incerto e, por mais que muitos executivos busquem o próximo grande hit, é possível que ele demore um pouco a aparecer. A quantidade de grandes produções voltadas a esse público faz parte do legado deixado por “Harry Potter”, resta saber se o bruxinho pode ser substituído tão facilmente. As apostas estão na mesa.
Retirado de:http://jovem.ig.com.br/estudios+travam+corrida+na+busca+pelo+proximo+harry+potter/n1597034116521.html
